Cegonhas felizes

É vê-las, um pouco por todo o país. Chegada a época da nidificação, as cegonhas escolhem lugares altos e confortáveis para assentar arraiais

O problema é que, longe de serem um T3 com vista, por estes locais passa uma corrente eléctrica fortíssima, que serve os interesses directos de outra espécie – nós, por sinal.

E aí surgem os problemas: as cegonhas sofrem uma electrocussão e nós uma interrupção no abastecimento de energia.

Para evitar que as cegonhas escolham postos de alta tensão para fazerem ninho, uma equipa une os Departamentos de Bioquímica e o Instituto de Sistemas e Robótica da FCTUC à entidade promotora, a EDP-Distribuição.

O objectivo é criar um sistema que desencoraje as simpáticas aves de poisarem nos cabos de alta tensão e, ao mesmo tempo, serem ‘convidadas’ a nidificar em postes próximos, com todas as condições necessárias ao aprumo de um lar e sem a chatice de por lá passar forte corrente eléctrica.

Os locais alternativos são postes «em cimento ou em madeira, que têm uma plataforma em cima onde elas podem construir o ninho», explica Vítor Madeira, do Departamento de Bioquímica.

A completar o esquema está um dispositivo situado nos cabos de alta tensão que as vai desencorajar de se instalarem ali. E como? Através de altifalantes que reproduzem sons definidos à distância, por quem gere o sistema. «São apenas sons da natureza, que não prejudicam ninguém», garante Madeira. «São produzidos por aves em situações de alarme».

A actividade nos postes pode ser acompanhada através de uma webcam ligada a um site. Tudo pode ser gerido à distância e foram escolhidos para o efeito dois lugares-piloto no Baixo Mondego.

A perspectiva para 2011 é alargar os testes a mais 10 locais. Mas ainda se tacteia o terreno: «Houve tentativas de ocupação e as cegonhas ainda estiveram algum tempo nos postes. Tivemos de alterar os parâmetros do equipamento e, aparentemente, as alterações que introduzimos afugentaram-nas».

SOL